Um brinde a quem vem depois. Como a indústria do vinho tenta cativar as novas gerações

Um brinde a quem vem depois. Como a indústria do vinho tenta cativar as novas gerações

Da mesma forma que um bom vinho nos agarra do primeiro ao último gole, com uma persistência demorada no final de boca que o torna eterno, uma boa história pode ajudá-lo a distinguir-se das demais referências. Uma realidade que é ampliada quando o público-alvo é mais jovem e, à partida, menos conhecedor.

Despertar o interesse vínico das novas gerações pode ser tão desafiante como desrolhar um vinho com um saca-rolhas enferrujado, mas não impossível. A persistência na mensagem certa faz parte da trajetória bem-sucedida, rumo ao fundo da garrafa, seja esta preços mais acessíveis, rótulos fora da caixa, exuberantes, contracorrentes, divertidos, e/ou mais informação. Sempre a informação. 

Não é à toa que a norte-americana Wine Spectator, na sequência de uma consulta a jovens sommeliers, destaca que a solução pode também passar por apostar na diversidade dos vinhos, no sentido de a restauração apelar a uma maior abrangência de prova em espaços seguros, sem que as pessoas se sintam julgadas ou intimidadas. Mais do que o amor a uma única marca, os novos consumidores estão na senda da descoberta: de novos produtores, estilos de vinhos e regiões vínicas, experiências sem espaço para sobrancerias.

A preocupação do sector em cativar outros públicos ultrapassa os media da especialidade e encontra contrassensos interessantes. Segundo a Harper’s Bazaar, a geração Z está a trocar as bebidas espirituosas mais acessíveis pelo vinho tranquilo servido num copo que o faça brilhar, e não necessariamente na lata que o torna mais cool. Descontração e informação. Saber o que bebemos, a história do detrás do rótulo, torna a experiência mais interessante. O vinho com um rosto torna-se visível. E a visibilidade pode ser o caminho de descoberta descomprometida, divertida até.  

Numa altura em que se noticia que há excesso de vinho no mundo, é preciso olhar para as novas gerações consumidoras com atenção. É preciso ficarmos atentos aos sinais, não ignorando que os mais novos tendem a preocupar-se com um estilo de vida amplamente saudável, sobretudo por comparação com aqueles que vieram antes deles. Daí que o brinde seja aos que vêm depois de nós.


Artigo da autoria de Ana Marques, Senior Account

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