Os gostos podem até não se discutir, mas isso não significa que não mudem. Para que os agentes económicos possam estar a par dos movimentos da indústria, todos os anos são traçadas as novas tendências de consumo. Em 2023, na indústria da hospitalidade — que inclui a gastronomia e as bebidas — serão várias as condicionantes a ter em consideração. Logisticamente, os empresários vão ter de lidar com o aumento da inflação, o recrutamento de colaboradores e a melhoria dos benefícios laborais, bem como as roturas nas cadeias de abastecimento. O desejo de criar locais de trabalho inclusivos também promete influenciar o modus operandi do sector. Já do lado dos consumidores, o desafio será equilibrar a saúde e o bem-estar com o conforto e o prazer.
Na tentativa de tornar tudo isto um pouco mais elucidativo, na GLOBAL. identificamos algumas das linhas orientadoras a que deve prestar atenção este ano:
Gastronomia
Alimentos e bebidas fermentados
Koji, lacto-fermentação, kombucha, miso, sake, kefir… Os nomes não nos são desconhecidos, e prometem surgir com mais frequência nos menus dos restaurantes e bares. O processo de fermentação está a disseminar-se pelas cozinhas, bares e categorias de serviços. Isto acontece não só pelos benefícios que tem para a nossa saúde, mas também porque podem ajudar o ambiente, tornando a dieta mais sustentável.
Menus de degustação mais acessíveis
Com o aumento da inflação, custos da energia e do trabalho — não esquecendo os problemas das cadeias de abastecimento —, muitos restaurantes começam a repensar a oferta de menus de degustação mais acessíveis. Desta forma os cozinheiros não deixam de exprimir a sua criatividade, mas conseguem planificar o menu com maior precisão e com maior controlo dos custos.
A conveniência do vegano
Cada vez mais pessoas adotam um estilo de vida à base de plantas e sementes. O movimento vegano expandiu-se para restaurantes e cafés, espaços fine dinning, cadeias de fast food e, mais recentemente, para espaços de “conveniência”. Produtos cozinhados e prontos a comer começam a estar cada vez mais disponíveis.
Dar crédito à equipa
Alguns restaurantes começam a tentar corrigir a tendência de atribuir aos Chefs os louros pelo trabalho da equipa inteira. Contrariando isto, no “Hi Felicia” (em Oakland) cada membro do staff é apresentado, e cada cozinheiro fala sobre os pratos que preparou. Já o “Nudibranch” (em Nova Iorque) enumera cada cozinheiro, empregado de mesa e bartender no seu website, como membro da equipa. Afinal de contas, é preciso uma cozinha completa para o serviço funcionar.
Bebidas
Cocktails para uma multidão
Com o exuberante regresso aos convívios sociais, após a pandemia, uma das tendências nos cocktails é o “grande formato” que incentiva à partilha. Para isso, os bares estão a desenvolver novos formatos de bebidas espirituosas que sejam esteticamente agradáveis, interativos e partilháveis.
Combinações que despertam a nossa criança interior
A nostalgia da infância manifesta-se de várias formas na indústria da hospitalidade. Gelatina, cereais de pequeno-almoço açucarados e gelados. Todos eles despertam a criança que há em nós e começam a surgir em algumas sugestões de cocktails.
Sem álcool
O movimento sem álcool está a aumentar no sector das bebidas, incluindo o vinho. Os produtores procuram melhorar o sabor e os métodos de produção para fazerem face a esta tendência de consumo. Os bares, restaurantes e retalhistas terão ainda mais opções sem álcool para armazenar no próximo ano. No caso dos cocktails, os bartenders têm o desafio de criar sugestões apelativas e que não comprometam a experiência de degustação.
Hotelaria
Remodelação dos Quartos e Espaços Comuns
Com a popularidade do teletrabalho a aumentar, fazê-lo em qualquer lugar é cada vez mais uma realidade. Os designers de interiores são levados a repensar o quarto de hotel, e os espaços comuns, para melhor servirem os viajantes de bleisure (combinação de trabalho e lazer).
Levar o quarto para casa
Muitas vezes, os hóspedes anseiam levar uma parte da experiência do hotel para casa. Através de plataformas online, os hóteis podem disponibilizar alguns dos produtos usados nos quartos. Isto cria um novo canal de receitas através do qual o espaço pode cobrar uma comissão por cada produto vendido. Desta forma aumentam não só os lucros como também constroem relações duradouras com os hóspedes
Digitalização
De acordo com a consultora McKinsey, 58% das interações dos clientes com os hotéis, a nível mundial, é feita digitalmente. Contactless, efectuar o check-in de modo self-service ou entrar no quarto sem a necessidade de uma chave está a ganhar popularidade na indústria hoteleira. Os hotéis que conseguirem estar na crista da onda tecnológica ficam melhor posicionados para prosperarem num mundo cada vez mais em rede.
Sustentabilidade
O debate sobre a redução de resíduos na indústria hoteleira não é recente. De acordo com um inquérito anual do Booking.com, 71% dos inquiridos pretende diminuir o impacto ambiental da sua próxima viagem. Assim sendo, a produção de desperdício deve ser contrariada com medidas de eliminação de plásticos de utilização única e a adoção de programas de reciclagem e sustentabilidade que sirvam a comunidade. Nesse sentido existem, inclusivamente, plataformas de agendamento de viagens como a Regenerative Travel e Alight que permitem encontrar e fazer reservas em hotéis que adotaram essas medidas.