Esta transferência de riqueza, resultado de heranças, inclui principalmente imóveis, mas também outros ativos.
A geração Millennial (jovens nascidos entre 1982 e 1994) tem como principal preocupação o emprego estável, o custo de vida e a aquisição de casa própria, no entanto, nos próximos vinte anos será esta a geração que herdará a maior fortuna em ativos, tornando-se assim a mais rica de toda a história.
Porém, apenas ocorrerá com os jovens que vêm de famílias ricas, o que pode aprofundar ainda mais o foço entre os mais ricos e os mais pobres.
Assim, até 2044, nos EUA, a geração silenciosa (nascidos no período entre guerras) e os Baby Boomers (nascidos após a Segunda Guerra Mundial) deverão passar as rédeas da sua riqueza à geração do milénio (nascidos após 1980), de acordo os dados retirados do The Wealth Report, um estudo anualmente concebido pela Knight Frank que reúne as mais importantes tendências e perspetivas globais do mercado imobiliário – desde 2021 que a imobiliária com sede em Londres está associada à portuguesa Quintela e Penalva.
Esta transferência de riqueza, resultado de heranças, inclui principalmente imóveis, mas também outros ativos. Estas movimentações trarão mudanças “sísmicas” na forma como a riqueza é utilizada, sublinha Liam Bailey, responsável global pelo relatório da Knight Frank.
Só nos EUA, a transferência de ativos entre gerações ascenderá a 90 mil milhões de dólares, o que fará dos Millennials a geração mais rica da história. Esta transferência está a ocorrer num contexto de mudanças no que toca à forma como a riqueza é utilizada. A diferença de perspetivas entre as gerações mais jovens e as mais velhas resultará numa reavaliação substancial das estratégias de marketing para quem quiser vender produtos ou serviços a este grupo de novos-ricos.
Por outro lado, verifica-se também que a riqueza está a mudar de mãos no que se refere a sexos. Assim, as mulheres representam cerca de 11% dos UHNWIs (“ultra-high-networth individuals”, isto é, indivíduos com um património líquido de 30 milhões de dólares ou mais, incluindo a residência principal) globais. Embora ainda não seja uma grande percentagem, este valor representa um rápido crescimento em relação aos apenas 8% registados há menos de uma década.
Ainda assim, a Geração Z (nascidos entre 1995 e 2009) está mais confiante na sua capacidade de criar riqueza. Segundo o The Wealth Report, 71% dos UHNWIs a nível mundial preveem um aumento do seu património este ano.
Quando se analisam os dados por idade, fica claro que os jovens estão mais confiantes em relação às perspetivas económicas do que os grupos mais velhos.
Apenas 52% dos Boomers HNWI (“High-net-worth individual”, isto é, indivíduos com elevado património líquido de 1 milhão de dólares ou mais, incluindo a sua residência principal) preveem aumentar o seu património nos próximos 12 meses, em contraste com 75% da Geração Z, com 43% a esperar um “crescimento significativo”.
Os HNWIs do sexo masculino manifestam maior confiança do que as mulheres. Este facto é particularmente acentuado entre os Millennials do sexo masculino, com 75% a esperar que o seu património cresça, em comparação com 64% das mulheres.
No entanto, para a Geração Z estas expectativas são totalmente inversas, com uns notáveis 81% das mulheres deste grupo a esperarem um crescimento. Metade espera um “crescimento significativo”.
Preocupações ambientais influenciam decisões de investimento
As alterações climáticas são a temática em que os resultados da Knight Frank mostram claras diferenças geracionais nas prioridades. Os Millennials parecem ter percebido o quão importante é reduzir o consumo: 80% dos homens e 79% das mulheres inquiridos afirmam que estão a tentar diminuir a sua pegada de carbono. Os homens da geração Boomers, por seu lado, têm uma visão diferente, com apenas 59% a tentar reduzir o seu impacto, muito abaixo das mulheres (67%).
O sector imobiliário continua a ser uma área no que toca a investimento no que aos ricos diz respeito. Enquanto 22% dos UHWNIs deverão investir na compra de casa este ano, apenas 19% dos HNWIs deverão seguir o mesmo caminho. Os Boomers parecem ser os mais reticentes (8% e 7% para homens e mulheres, respetivamente), enquanto os Millennials são os mais ativos, com resultados que se aproximam dos níveis dos UHNWIs (23% para as mulheres e 21% para os homens). No que respeita à propriedade comercial, 19% dos UHNWIs estão a considerar investir este ano. Dado o maior compromisso financeiro exigido, não é de surpreender que uma percentagem muito menor de HNWIs esteja também a considerar este investimento: apenas 7% no total, sendo os Millennials do sexo masculino os mais empenhados (9%) e os Boomers do sexo masculino os menos (3%).